sábado, 13 de setembro de 2008

Spain


O território espanhol, um dos mais montanhosos da Europa, é constituído por três unidades básicas: a meseta central, as regiões periféricas e as ilhas. O centro da península ibérica é formado pela extensa meseta central, um altiplano com altitude média de 600m, constituído por materiais antigos (granitos, gnaisses, ardósias metamórficas) recobertos, em sua maior parte, por sedimentos posteriores ao dobramento alpino. A meseta é dividida em duas partes, de extensão semelhante, por um grande sistema montanhoso que se estende no sentido nordeste-sudoeste, a cordilheira Central. Essa cordilheira atinge 2.450m de altitude em Peñalara, na serra de Guadarrama, perto de Madri, e 2.592m no pico de Almanzor, na serra de Gredos.
Tal como ocorre com os montes de Toledo, a cordilheira Central é formada por blocos do antigo escudo cristalino, fraturados e soerguidos pela orogenia alpina. Ao norte da cordilheira Central se estende a região autônoma de Castela e Leão (submeseta setentrional), e ao sul as de Castela-Mancha e da Extremadura (submeseta meridional). Em seus bordos, a meseta apresenta alinhamentos montanhosos muito diversos. No norte se levanta, em frente ao golfo de Biscaia, a cordilheira Cantábrica. No noroeste, entre a meseta e a região da Galícia, ficam os montes de Leão. O sistema ibérico constitui o bordo nordeste da meseta, e a serra Morena configura o setor meridional, ligado à depressão do rio Guadalquivir. No oeste, o altiplano desce suavemente até Portugal.
A nordeste do sistema ibérico, a meseta se deprime para dar lugar ao vale do Ebro, por onde corre o rio mais caudaloso da península. O vale está encaixado entre o sistema ibérico, as cordilheiras costeiras catalãs e os Pireneus, uma elevada cadeia que se estende das margens do golfo de Biscaia, no Atlântico, às do golfo de Leão, no Mediterrâneo, numa extensão de aproximadamente 400 km.
Os Pireneus separam nitidamente a península ibérica do resto do continente europeu e constituem a fronteira natural entre a Espanha e a França. Seus pontos culminantes situam-se na parte central: são o monte Perdido, com 3.355m, e o pico de Aneto, com 3.404m. No vale do Ebro localiza-se a maior parte das comunidades autônomas de Aragão, Rioja e Navarra. O antigo principado catalão ocupa o ângulo nordeste da península, entre os Pireneus, o Mediterrâneo e o Ebro.
Entre a serra Morena, o golfo de Cádiz e o mar de Alborán se estende a região da Andaluzia. Ao sul da meseta, o grande vale do Guadalquivir se encaixa entre a serra Morena e a cadeia Bética, que se situa no sul da península e onde sobressai a serra Nevada, com o pico culminante da península ibérica, o monte Mulhacén, com 3.478m. O vale do Guadalquivir é atravessado de leste a oeste pelo rio que lhe dá nome.
Esse vale é fechado, no sul, pelas montanhas do sistema Bético, que descem rapidamente para o Mediterrâneo e configuram uma costa de modo geral abrupta, entre o estreito de Gibraltar e o cabo da Nau, salpicada de pequenas planícies litorâneas.
No trecho entre a foz do Ebro e o cabo da Nau se abre o amplo golfo de Valência. Em torno da cidade homônima se estende uma fértil área de olericultura, irrigada pelos rios Turia e Júcar. A estreita faixa costeira compreendida entre a cordilheira Cantábrica, limite setentrional da meseta, e o litoral atlântico, é uma região de montanhas sempre verdes, cortadas por vales intrincados, onde rios curtos e impetuosos abrem caminho para o mar e formam numerosos estuários. Nessa região se encontram as comunidades autônomas de Astúrias, Cantábria e País Basco.
No extremo noroeste da península fica a região da Galícia, que apresenta uma topografia mais suave. Os movimentos tectônicos do período quaternário provocaram a inundação de antigos vales fluviais, e assim se formaram os diversos braços de mar que penetram profundamente no continente. Além do cabo da Nau, a cadeia Bética se prolonga sob o mar, emergindo no Mediterrâneo para formar as ilhas Baleares. A serra de Tramontana na ilha de Maiorca, é a mais alta do arquipélago.
Situadas diante da borda ocidental do deserto do Saara, as ilhas Canárias são um ponto avançado da Espanha em direção ao continente americano. Na ilha de Tenerife se encontra o vulcão Teide, que com seus 3.718m de altitude constitui o ponto mais elevado do território espanhol.
As duas ilhas mais próximas do continente africano, Lanzarote e Fuerteventura, não têm elevações de importância e sua paisagem é desértica. Nas demais ilhas, as montanhas atuam como um obstáculo aos ventos alísios dominantes, o que dá origem a paisagens surpreendentemente verdes nas encostas do norte, em contraste com o sul das ilhas, onde os fenômenos vulcânicos aliam-se ao clima semidesértico para formar paisagens impressionantes.
Completam o território espanhol Ceuta, Melilla e algumas pequenas ilhas no norte da costa marroquina. O extremo ocidental do mar Mediterrâneo é denominado mar de Alborán, devido à ilhota espanhola existente a meio caminho das costas européia e africana. O penhasco de Gibraltar, que domina o estreito de mesmo nome, se encontra sob soberania britânica, mas é reivindicada pela Espanha.
Clima
Verões secos e quentes, bem como invernos frios e úmidos, caracterizam o clima predominantemente mediterrâneo da Espanha. A continentalidade das zonas do interior, a influência moderadora do Atlântico e do Mediterrâneo, e o relevo montanhoso são os principais fatores que modificam o quadro geral nas diferentes regiões do país.
A altitude considerável, aliada à existência de cordilheiras periféricas que se levantam como barreiras contra a penetração dos ventos marítimos, faz da meseta uma zona de traços climáticos continentais: no inverno e no verão, verificam-se temperaturas extremas; no outono e na primavera, as precipitações são pouco abundantes, mas freqüentes.
O clima propriamente mediterrâneo domina nas zonas periféricas do leste e do sul da península e nas ilhas Baleares. Na Catalunha o clima é temperado, ao passo que Valência desfruta de um clima suave, o que faz da região o principal centro abastecedor de cítricos da Europa.
Invernos frios, verões quentes e uma estiagem muito pronunciada caracterizam o vale do Ebro, que é fechado ao influxo oceânico pelos Pireneus, e ao do Mediterrâneo pelas cadeias catalãs. O vale do Guadalquivir, aberto às influências oceânicas, é alcançado pelas borrascas atlânticas na primavera e no outono, e tem verões extremamente secos.
Os vales situados ao sul do sistema Bético apresentam clima subtropical, com invernos moderados, que permitem o cultivo de espécies desconhecidas no resto da Europa, como a cana-de-açúcar. No sudeste da península, sobretudo na região de Almería, a aridez degrada o clima mediterrâneo e dá origem a verões muito quentes e secos, com precipitações anuais inferiores a 300 mm. A região norte é chuvosa. Os territórios africanos de Ceuta e Melilla apresentam clima suave. As ilhas Canárias têm características subtropicais, com temperaturas amenas e precipitações escassas. Fuerteventura e Lanzarote são mais áridas. Hidrografia.
Três vertentes configuram a rede hidrográfica espanhola: a cantábrica, a atlântica e a mediterrânea. Os rios da vertente cantábrica são curtos, mas relativamente caudalosos, e formam amplos estuários, como o de Bidasoa, na fronteira com a França, e o de Nervión, em Bilbao. Na costa atlântica da Galícia, os rios são também curtos e caudalosos. Na vertente atlântica, os mais importantes são o Minho (em espanhol, Miño), o Douro (Duero), o Tejo (Tajo), o Guadiana e o Guadalquivir. À exceção do Minho, percorrem toda a meseta na direção leste-oeste e sofrem estiagem no verão. O Minho, mais curto do que os grandes rios da meseta, mas de grande caudal, percorre as chuvosas terras galegas até desembocar no Atlântico, entre Espanha e Portugal.
Também na região limítrofe, o Douro corre em profundos desfiladeiros, cuja linha sinuosa estabelece, em grande parte, a fronteira dos dois países. O Tejo - o mais longo rio da península, mas não da Espanha - forma também desfiladeiros na maior parte de seu curso, que começa no sistema ibérico, avança para oeste e entra em terras portuguesas, para desembocar em Lisboa. O Guadiana percorre as planícies da Mancha e da Extremadura e ao chegar à fronteira portuguesa desvia seu curso para o sul, entra em Portugal e desemboca no golfo de Cádiz, onde forma um estuário fronteiriço.
O Guadalquivir nasce na serra de Cazorla, banha grande parte da Andaluzia e rega o amplo vale da serra Morena. Os rios da vertente mediterrânea têm curso abrupto e regime irregular, com cheias na primavera e longos períodos de estiagem. O mais importante deles é o Ebro, o maior do país; nasce na cordilheira Cantábrica e desemboca no Mediterrâneo. O Llobregat, que nasce nos Pireneus e também desemboca no Mediterrâneo, é o principal rio da Catalunha.
Flora e fauna
A variedade climática corresponde fielmente à diversidade de formações vegetais. No sul crescem bosques de tipo atlântico, com árvores de folhas caducas, como o carvalho, a faia e o castanheiro. A vegetação natural da meseta seria a de estepe e de bosques mediterrâneos, mas se encontra degradada por milênios de agricultura. É típica da zona ocidental (Salamanca, Extremadura) a paisagem de pastagens com bosques de azinheiras. A azinheira e o pinho aparecem em todas as zonas de clima mediterrâneo, assim como o matagal denso, resultante da degradação de outras formações.
A fauna natural espanhola reflete a transição geográfica entre Europa e África. Ursos, lobos, linces, cervos e cabras selvagens sobrevivem em zonas montanhosas e em reservas. Abundam também javalis, lontras, abutres e outras espécies já extintas em quase todo o resto da Europa. Além de diversas espécies de águias e falcões, as aves aquáticas e migratórias formam grandes colônias nas regiões de Huelva, Ciudad Real e Gerona.
População
Tipos raciais e línguas
A convivência histórica ao longo dos séculos fez com que não existam diferenças étnicas de relevo na Espanha. A distinção mais palpável é a representada pelos costumes e pela língua falada. São muito diferentes o castelhano de Sevilha e de Valladolid, por exemplo, ou o catalão de Barcelona e de Valência. O idioma oficial da Espanha, o espanhol, ou castelhano, originado na alta Idade Média no norte de Castela, é um dos mais falados no mundo. É um idioma românico, que, além de sua fundamental raiz latina, sofreu notáveis influências dos idiomas falados na península antes da conquista romana, como o celta e o euscaro (basco). Conta também com extenso vocabulário derivado do árabe.
Não é, contudo, o único idioma oficial em boa parte do país. Na Galícia, na Catalunha, em Valência, nas ilhas Baleares, em Navarra e no País Basco são também oficiais outras línguas vernáculas, ao lado do castelhano. Idioma falado na Galícia, e de cuja matriz também se derivou o português, o galego teve no século XIII um desenvolvimento maior do que o castelhano, mas a posterior expansão deste o confinou à região de origem. É a língua oficial da Galícia, e nela foi composta toda uma importante literatura, desde seu renascimento, iniciado no final do século XIX.
O catalão pertence ao mesmo grupo de línguas faladas no sudeste da França. Idioma oficial da Catalunha, das ilhas Baleares e do País Valenciano, é usado em toda a costa mediterrânea, desde a região francesa dos Pireneus Orientais até o estuário do rio Segura. Um dos mais antigos idiomas conhecidos, o basco ou euscaro, confinado às montanhas do norte e de origem incerta, não se inclui entre os idiomas indo-europeus. É falado nas províncias de Guipúzcoa e Biscaia, em parte na de Álava, nas montanhas de Navarra e na região basca francesa.
Estrutura demográfica
O desenvolvimento histórico da população espanhola não foi paralelo ao dos países mais representativos da Europa ocidental. Causas diversas, mas, sobretudo a intensa emigração para a América ao longo dos séculos XVI e XVII, causaram um declínio da população. Castela tornou-se uma das zonas de população mais rarefeita da Europa. A população voltou a crescer no século XVIII, e chegou a duplicar no século XIX, embora em proporção bem menor que na Alemanha ou no Reino Unido.
No século XX, o crescimento demográfico, maior que o do resto da Europa ocidental, diminuiu bastante na década de 1930 e, sobretudo na de 1940, devido às dificuldades econômicas, e até mesmo à fome, que sucederam à guerra civil. Nas décadas de 1950 e 1960 houve um decréscimo da taxa de mortalidade, ao mesmo tempo em que aumentava a de natalidade, o que converteu a Espanha em um dos países de demografia mais dinâmica da Europa. O uso de métodos anticoncepcionais e a crise econômica da década de 1970 causaram, contudo, uma diminuição progressiva do índice de natalidade, que em meados da década de 1980 apenas igualava a taxa de mortalidade. Quanto à estrutura populacional, a essa mesma época a proporção de jovens era sensivelmente maior do que a dos demais países europeus.
Distribuição
Em termos gerais, dois terços da população espanhola habitam as estreitas faixas costeiras. As densidades mais altas são as encontradas junto ao Mediterrâneo, nas áreas urbanas de Barcelona e seu cinturão industrial, de Valência e Palma de Maiorca. Na costa atlântica, as maiores aglomerações estão na baixa Andaluzia e na baía de Cádiz, e ao norte, no litoral da Galícia.
O interior do país é em geral pouco povoado, se comparado com outros países da Europa ocidental. A grande exceção é Madri, no centro geográfico do país, rodeada por várias cidades-dormitórios. Outros núcleos urbanos de relativa importância do interior são Valladolid, capital da região autônoma de Castela e Leão, e, sobretudo Saragoça, a grande cidade aragonesa, centro industrial e de comunicações.
Economia
Agricultura e pecuária
A grande diversidade de solos e de condições climáticas permite numerosas culturas. Nas regiões secas, principalmente as de Castela, Andaluzia e Aragão, cultivam-se trigo e cevada, além do milho, produzido com irrigação artificial. No litoral cantábrico e na Galícia, a principal cultura é a do milho. Em geral, a Espanha é auto-suficiente em cereais e é um dos principais produtores de azeite de oliva de alta qualidade. Os olivais dominam a paisagem da meseta ao sul da cordilheira Central, das colinas da orla mediterrânea, do vale do baixo Ebro, e de extensas regiões da Andaluzia. Está em expansão o cultivo de outras oleaginosas, como o girassol.
Os vinhos espanhóis estão classificados entre os melhores do mundo. Embora exista um excedente de vinhos de baixa qualidade, na década de 1970 começou a ser desenvolvida uma política de controle de origem, com resultados altamente expressivos. Aos vinhos de qualidade das regiões de La Rioja, Catalunha, Málaga e Xerez, acrescentam-se os do vale do Douro, de Navarra, da Mancha e de outros pontos. Outras culturas de importância no país são as de frutas, principalmente as cítricas, além de algodão, cânhamo, beterraba açucareira e fumo. Mais de metade do rebanho bovino se concentra nas áreas úmidas do norte, enquanto a criação de ovinos se desenvolve na meseta. O gado caprino adapta-se melhor às condições do árido sudeste, e a criação de porcos é comum na Extremadura.
Recursos florestais e pesca
Apenas a faixa úmida do norte da península e as altas montanhas, são áreas produtoras de madeira de qualidade. O desmatamento representa um problema contínuo desde a baixa Idade Média. O bosque atlântico europeu, de carvalhos, faias e castanheiros, que deveria cobrir toda a Espanha úmida, foi substituído em sua maior parte por plantações de pinho e eucalipto, usados pela indústria do papel.
Embora seja um dos maiores produtores mundiais de peixe, a Espanha tem necessidade de importar pescado, tradicionalmente um dos itens básicos da alimentação de seu povo. Os principais portos pesqueiros do país estão localizados no mar Cantábrico, nas rias (braços de mar) da Galícia, no golfo de Cádiz e nas ilhas Canárias


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